23 March, 2012

Anacronismos

Falar de Trotsky em 2012 tem travo de coisa meio proibida e anacrónica. Foi por isso que achei curioso encontrá-lo a meio de God Is Not Great de Christopher Hitchens. É ele que relata o pedido de asilo político de Trotsky à Noruega, quando fugia de Estaline. O pedido foi-lhe recusado, porque a Noruega estava sob pressão internacional da Rússia e da Alemanha de Hitler. Fui daí direitinha ler mais sobre Trotsky, que viveu exilado grande parte da sua vida e cuja família, entre imprevistos e assassinatos, conheceu um destino cruel. Nenhum dos quatro filhos lhe sobreviveu e ele próprio viria a conhecer um fim trágico: foi assassinado no México onde tinha sido acolhido por Diego Rivera e Frida Kahlo. Não sei se pode conceber um homem à margem da sua ideologia e contexto. Neste caso, parece-me que não até porque aqui as duas se misturam de tal forma que é quase impossível distingui-las. O que sobressai e impressiona é a ideia de estarmos perante uma vida muito diferente da nossa. Porque uma das coisas que se tornou também anacrónica foi a ideia de vivermos em nome de um ideal. Hoje, as falhas dos nossos homens públicos saem no jornal todos os dias, depois esquecem-se e reciclam-se. Por um lado isso é bom, por outro é mau.
(Trotsky e os seus amigos americanos em Abril de 1940 no México)
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